Gal Costa, 1969
Gal Costa, 1969. Este, cronologicamente, é o segundo LP solo de Gal. Fiquei em dúvida quanto a qual colocar primeiro. Sabia que se colocasse o "primeiro" primeiro (que, aliás, também foi lançado em 1969 e com o nome de "Gal Costa" também) o raciocínio seria mais lógico e linear. Mas se fizesse isso, teria vontade de colocar todos os outros em ordem cronológica também e o blog perderia seu "colorido casual"... hehehehe
Bom, filosofias pessoais à parte, vamos à filosofia que realmente interessa!!!
A curiosidade começa pela capa. A primeira coisa que pensei quando vi a capa deste disco pela primeira vez foi "Nossa, mas que coisa mais psicodélica para ser da Gal Costa!"... A verdade é que nunca imaginaria ouvir o que ouvi. Foi tudo muito novo para mim. Um disco de 1969 com tanto colorido (por fora e por dentro) e tão forte, atualíssimo.
Caetano e Gil foram para o exílio em Londres, onde ficariam por três anos. Ficou para Gal a tarefa de representar e sentir na pele a dor e a delícia do Tropicalismo sem seus dois principais alicerces. E foi o que ela fez e transportou para este disco: acidez, psicodélia, desespero pulsante, que chama e pede por atenção. Gal se transforma numa leoa.
É um disco curto, objetivo. Nove faixas que te levam, progressivamente, ao delírio. Ele começa "são", mas com a guitarra ácida de Lanny Gordin e negando as "tardes mornais, normais" com a música "Cinema Olympia, de Caetano. A segunda faixa nos leva para os oásis escaldantes, com "Tuareg", de Jorge Ben. Na terceira faixa já começamos a ver indícios do delírio, com "Cultura e Civilização", de Gil:
"A cultura, a civilização / Elas que se danem! / Ou não"
A sensação que dá é que a voz de Gal começa a se aquecer. Ela começa a "se soltar", vocalizando, gritando, alucinando.
Num disco de nove faixas, a quinta é a faixa do meio, certo? A transição do lado A para o lado B. E a quinta faixa desde disco é "Meu nome é Gal", presente de Roberto e Erasmo Carlos. No meio da música ela bate na porta e se apresenta:
"Meu nome é Gal, tenho 24 anos, nasci na Barra Avenida e todo dia sonho alguém pra mim(...)"
E na outra metade dela, ela arromba a porta e se revela. Se solta, alucina mais, vocaliza, muda de oitavas, encarna a Leoa completa. Arrasa. E isso se estende até o fim. Entram efeitos mais explícitos, ruídos vocais e instumentais.
Entra mais Gil. "Com Medo, com Pedro" é, na minha análise, uma música para seu filho Pedro; Que também pode ser o menino da capa do Expresso 2222 (suposições minhas, que vou averiguar ainda). E também entra Jards Macalé na parada. Mais Caetano, mais loucura. "The Empty Boat", de Caetano é uma coisa louca. Só ouvindo mesmo.
"Objeto sim, objeto não", de Gil é o ápice do inesperado. Fico imaginando o que sentiram todos que ouviram esta música num vinil, em 1969! Efeitos mil, psicodelias... Demais, demais...
E na última faixa, "Pulsars e Quasars", de Macalé e Capinam, mensagens para Caetano e Gil:
"Cá e Gil me mandem notícias logo"
...porque
"Sem voz /os novos seres seguem, mas sem voz
Sem a voz os ruídos terão sentidos e teus sentidos perdidos"
As músicas nascem, mas sem Caetano e Gil, nada faz sentido.
...Mas este disco faz todo o sentido. A capa, a voz, a acidez, toda a loucura dele é absolutamente compreensível. É a dor e a delícia de Gal.
Texto de Caetano na contra-capa: "(...)Ninguém pode deplorar o nosso Vale-Tudo: quando Gal canta, ele vale-nada. Gal explodiu sozinha. Só vale Gal. Eu sei que é assim".
E ponto final.
Bom, filosofias pessoais à parte, vamos à filosofia que realmente interessa!!!
A curiosidade começa pela capa. A primeira coisa que pensei quando vi a capa deste disco pela primeira vez foi "Nossa, mas que coisa mais psicodélica para ser da Gal Costa!"... A verdade é que nunca imaginaria ouvir o que ouvi. Foi tudo muito novo para mim. Um disco de 1969 com tanto colorido (por fora e por dentro) e tão forte, atualíssimo.
Caetano e Gil foram para o exílio em Londres, onde ficariam por três anos. Ficou para Gal a tarefa de representar e sentir na pele a dor e a delícia do Tropicalismo sem seus dois principais alicerces. E foi o que ela fez e transportou para este disco: acidez, psicodélia, desespero pulsante, que chama e pede por atenção. Gal se transforma numa leoa.
É um disco curto, objetivo. Nove faixas que te levam, progressivamente, ao delírio. Ele começa "são", mas com a guitarra ácida de Lanny Gordin e negando as "tardes mornais, normais" com a música "Cinema Olympia, de Caetano. A segunda faixa nos leva para os oásis escaldantes, com "Tuareg", de Jorge Ben. Na terceira faixa já começamos a ver indícios do delírio, com "Cultura e Civilização", de Gil:
"A cultura, a civilização / Elas que se danem! / Ou não"
A sensação que dá é que a voz de Gal começa a se aquecer. Ela começa a "se soltar", vocalizando, gritando, alucinando.
Num disco de nove faixas, a quinta é a faixa do meio, certo? A transição do lado A para o lado B. E a quinta faixa desde disco é "Meu nome é Gal", presente de Roberto e Erasmo Carlos. No meio da música ela bate na porta e se apresenta:
"Meu nome é Gal, tenho 24 anos, nasci na Barra Avenida e todo dia sonho alguém pra mim(...)"
E na outra metade dela, ela arromba a porta e se revela. Se solta, alucina mais, vocaliza, muda de oitavas, encarna a Leoa completa. Arrasa. E isso se estende até o fim. Entram efeitos mais explícitos, ruídos vocais e instumentais.
Entra mais Gil. "Com Medo, com Pedro" é, na minha análise, uma música para seu filho Pedro; Que também pode ser o menino da capa do Expresso 2222 (suposições minhas, que vou averiguar ainda). E também entra Jards Macalé na parada. Mais Caetano, mais loucura. "The Empty Boat", de Caetano é uma coisa louca. Só ouvindo mesmo.
"Objeto sim, objeto não", de Gil é o ápice do inesperado. Fico imaginando o que sentiram todos que ouviram esta música num vinil, em 1969! Efeitos mil, psicodelias... Demais, demais...
E na última faixa, "Pulsars e Quasars", de Macalé e Capinam, mensagens para Caetano e Gil:
"Cá e Gil me mandem notícias logo"
...porque
"Sem voz /os novos seres seguem, mas sem voz
Sem a voz os ruídos terão sentidos e teus sentidos perdidos"
As músicas nascem, mas sem Caetano e Gil, nada faz sentido.
...Mas este disco faz todo o sentido. A capa, a voz, a acidez, toda a loucura dele é absolutamente compreensível. É a dor e a delícia de Gal.
Texto de Caetano na contra-capa: "(...)Ninguém pode deplorar o nosso Vale-Tudo: quando Gal canta, ele vale-nada. Gal explodiu sozinha. Só vale Gal. Eu sei que é assim".
E ponto final.